domingo, 21 de fevereiro de 2010

A misteriosa temporada 2010 de POA

Talvez com mais ênfase que em qualquer outro lugar, todos sabemos que no Brasil o ano começa em março. Depois do carnaval as crianças voltam às aulas, e os demais se sentem propensos a começar coisas, cursos, estudos independentes ou, em casos extremos, um blog. Entretanto, é curioso observar que estas águas de março não chegam até as instituições musicais de Porto Alegre, a julgar pela sequia de notícias, divulgações de programas ou pelo menos uma ínfima atualização de site. Eu fico consternado, com uma impressão de que todos sabem o que vai acontecer de bom neste ano e que eu não estou buscando corretamente, o que me leva a perguntar, sem qualquer intenção retórica: alguém tem alguma notícia do que vai acontecer neste ano? São Pedro? OSPA? Alguma produção independente, algum recital beneficente de hospital?

No fundo até poderíamos dar vazão ao nosso provincianismo retraído e declarar que Porto Alegre, ainda um meio musical incipiente, não possui rotina de concertos que justifique uma divulgação antecipada. Mas a quem vamos enganar? A precariedade de informações é o primeiro obstáculo na criação de nossa rotina de consumidores. E neste caso, a principal responsabilidade recai naturalmente sobre nossa Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, que suga praticamente todos os recursos públicos aplicados no setor e, vejam só, ainda não publicou sua programação. Façamos uma comparação construtiva: a OSESP já estampou todos os nomes de intérpretes e compositores programados em suas séries de concertos e já está vendendo abonos antecipados. Em Buenos Aires, a reabertura do Teatro Colón recebe uma grande cobertura de mídia, também com todas as informações da temporada. E como pretendem que a OSPA possua um público ativo nesse clima de improviso? Não se sabe quem vai reger, que vai tocar, absolutamente nada. Em compensação, basta ter uma televisão ou internet (ou que sabe um vizinho) para saber desde o ano passado que Guns'n Roses vai tocar em março.

Enfim, terminaram as férias. Ou alguém está pensando secretamente nos nossos concertos neste momento, ou esperemos pelo pior: uma grande improvisação coletiva, onde tudo se faz na última hora, inclusive os ensaios.

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